terça-feira, 4 de agosto de 2009

Biografia de Bento Teixeira



Bento Teixeira (Porto, 1561 (?) - Pernambuco ou Lisboa, 1618 (?)) foi um poeta luso-brasileiro.

De biografia nebulosa, alguns o consideram brasileiro. No entanto, outra corrente o considera português. Há controvérsia também sobre o local de sua morte: alguns afirmam ser em Pernambuco; outros afirmam ser em Lisboa.

É considerado o primeiro poeta do Brasil. Tal afirmação é citada na obra "Biblioteca Lusitana" de Abade Machado e em livros de Artur Mota. No entanto, essa afirmação vem sendo questionada por vários historiadores.

Apesar de ter vivido grande parte de sua vida no Brasil, Bento Teixeira nasceu na cidade do Porto. Era filho de Manuel Alvares de Barros e Lianor Rodrigues, ambos cristãos. Essa informação está presente no segundo volume do livro "Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil" de Rodolfo Garcia.
Vida
Existem poucas e confusas informações sobre a vida de Bento Teixeira.

Sabe-se que estudou no Colégio da Bahia e que frequentou um seminário no mesmo estado, após ter vindo, com sua família, de Portugal (1567 (?)). Ao revelar que era judeu, teve que fugir para o estado do Pernambuco.

Na região pernambucana, começou a trabalhar como professor de aritmética, gramática e língua latina. Casou-se com Filipa Raposa, em 1584 (?), na cidade baiana de Ilhéus.

Alegando adultério, Bento Teixeiro assassinou sua própria esposa. Tal fato, o obrigou a fugir novamente, refugiando-se no Mosteiro de São Bento, em Olinda. Isso foi possível devido ao seu direito de asilo, que vigorava até então. Lá, escreveu sua obra-prima: Prosopopéia.

Outra versão diz que Bento Teixeira foi acusado pela esposa de ser judeu. O poeta teria sido julgado e absolvido pelo ouvidor da Vara Eclesiástica da Inquisição, em 1589. Intimado posteriormente pelo visitador do Santo Ofício, acabou confessando ser seguidor da religião judia. Irritado com a denúncia da esposa, a assassinou, se refugiando no mosteiro já citado. Localizado, foi preso e enviado para Lisboa, em 1595 (?), onde permaneceu até sua morte.

Obra
O Wikisource possui trabalhos escritos por este autor: Bento TeixeiraAssim como sua biografia, são confusas as informações relativas as obras escritas por Bento Teixeira. Muitas foram lhe atribuídas. As principais são:

Relações do naufrágio: De acordo com os estudos de Vernhagen, a obra é de autoria de Afonso Luís, piloto de uma nau chamada "Santo Antônio", citado em Prosopopéia.
Diálogos das grandezas do Brasil: Segundo Capistrano de Abreu, a obra é de autoria de Ambrósio Fernandes Brandão.
Portanto, ao que tudo indica, Prosopopéia foi sua única obra.


Prosopopéia
Publicada em 1601, de grande valor histórico, a obra mais famosa do escritor é o poema épico, já citado, Prosopopéia. Nele, o escritor fala sobre a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, e seu irmão, Duarte. É a única obra reconhecida e aceita como de sua autoria. Além disso, é a primeira obra com finalidade meramente literária publicada em solo brasileiro.

Escrito em oitava rima, com noventa e quatro estrofes, o poema marcou o início do movimento barroco no Brasil. Ao que parece, a obra foi influenciada pelo poema Os Lusíadas, de Camões. Tal influência é percebida quando analisada a sintaxe, e a estrutura. A sintaxe é extremamente clássica, cheia de inversões, o que dificulta o entendimento por um leitor do século XXI. A estrutura segue de perto a da obra de Camões, como se percebe já de inicio pela existência de proposição (Onde apresenta o assunto da epopéia: cantar os feitos de Jorge d'Albuquerque), invocação (quando pede ajuda do Deus cristão para compor seu texto) e dedicação (o texto é dedicado a Jorge d'Albuquerque, visando ajuda financeira).

De caráter heróico, a suposta coragem e valentia dos irmãos é narrada em decassílabos. Os acontecimentos abordados dizem respeito as terras brasileiras e a região de Alcácer-Quibir, na África, onde os irmãos teriam se destacado em uma importante batalha. Ambos, teriam também sofrido com um naufrágio, quando viajavam na nau Santo Antônio.

Trecho de Prosopopéia:

''LX
Olhai o grande gozo e doce glória

Que tereis quando, postos em descanso,

Contardes esta larga e triste história,

Junto do pátrio lar, seguro e manso.

Que vai da batalha a ter victória,

O que do Mar inchado a um remanso,

Isso então haverá de vosso estado

Aos males que tiverdes já passado.''

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